O Dia Mundial da Alimentação assinala-se todos os anos a 16 de outubro e é uma oportunidade para refletir sobre aquilo que comemos, de onde vem a nossa comida e como podemos, enquanto famílias e comunidades educativas, construir hábitos alimentares mais saudáveis, justos e sustentáveis.

A FAO e os seus parceiros convidam, em 2025, a trabalharmos “de mãos dadas por alimentos melhores e um futuro melhor” — um apelo à colaboração entre produtores, responsáveis políticos, educadores e famílias para transformar os sistemas alimentares.

Celebrar o Dia Mundial da Alimentação no contexto educativo é mais do que falar sobre nutrientes: é proporcionar experiências concretas que ajudem crianças e jovens a aprender por ação, a tomar decisões informadas e a sentir responsabilidade pelo planeta e pelas outras pessoas. A urgência deste tema é real — a insegurança alimentar e o desperdício coexistem com padrões alimentares pouco saudáveis em muitas regiões do mundo — e isso exige uma resposta coletiva e educativa.

Porquê trabalhar a alimentação na escola e em família?

A alimentação influencia não só a saúde física, mas também o bem-estar emocional, a concentração e o rendimento escolar. Quando oferecemos às crianças oportunidades de explorar alimentos, cozinhar, observar ciclos de vida ou reduzir o desperdício, estamos a promover competências essenciais: literacia alimentar, pensamento crítico, autonomia e empatia.

Estas aprendizagens são estruturantes — acompanham a criança ao longo da vida.

Atividades práticas e pedagógicas para assinalar o dia (e para manter todo o ano)

Aqui segue um conjunto de propostas de implementação simples, testadas em contextos educativos, que combinam intenção pedagógica com prazer de aprender.

1.  Mesa sensorial de sabores e texturas

Organizem uma mesa de exploração com alimentos seguros para provar: pedaços de fruta da época (maçã, pera, tangerina), legumes crus (cenoura, pepino), queijos suaves e fatias de pão integral. Peçam às crianças que descrevam o que sentem ao toque, ao cheirar e ao provar — sem forçar a ingestão. Esta atividade ajuda a ampliar o vocabulário (ácido, adocicado, crocante, macio) e a reduzir recusa alimentar através da familiarização.

2. Pequenos chefs: receitas simples em grupo

Cozinhar em conjunto é lúdico e formativo. Sugestão: preparar uma salada de fruta ou um “wrap” de vegetais. Dividir tarefas (lavar, cortar com segurança, misturar) desenvolve autonomia, motricidade fina e noção de trabalho cooperativo. Ao fim, discutam escolhas: por que usamos fruta local? Como conservar os alimentos?

3. Oficina “De onde vem isto?”

Peçam às crianças que tragam imagens (ou mini-objetos) de alimentos e em conjunto investiguem a sua origem: é da horta, da quinta, da estufa, do mar? Criem um painel com mapas e etiquetas. Esta atividade aproxima as crianças dos ciclos de produção e fortalece a compreensão sobre sazonalidade e proximidade.

4. Projeto anti-desperdício

Introduzam um pequeno compostor para restos de fruta e legumes (ou uma caixa de compostagem educativa). Registem durante uma semana o que vai para o lixo e conversem sobre alternativas. Desafiem a turma a reduzir o desperdício: porções ajustadas, reaproveitamento (sopas, saladas de cascas) e planeamento de refeições simples.

5. Leitura e conversas partilhadas

Utilizem livros que abordem alimentação, partilha e ciclos da natureza (por exemplo, histórias sobre a horta, mercados locais ou a tradicional “sopa da pedra”) para abrir discussões sobre valores, cultura alimentar e solidariedade.

6. Horta em miniatura ou vasos de janelas

Plantar ervas aromáticas ou legumes fáceis (rábanos, alfaces) é uma atividade que faz a ponte entre teoria e prática: cuidar, observar crescimento, colher e usar na cozinha. Envolver famílias neste projeto reforça a continuidade casa-escola.

Sugestões para educadores e profissionais

– Planeiem atividades interdisciplinares: matemática (medir ingredientes), linguagem (descrição sensorial), ciências (ciclos de vida), educação tecnológica ou educação para a cidadania (valores de partilha e colaboração).

– Garantam segurança alimentar: informem-se sobre alergias, higiene e manipulação.

– Envolvam famílias com pequenas fichas informativas sobre as experiências feitas em contexto escolar e sugestões para replicar em casa.

– Promovam um ambiente sem pressões: experimentar é um processo; o objetivo é a curiosidade e a autonomia, não forçar gostos.

Uma nota realista e urgente

Transformar hábitos alimentares e sistemas alimentares não é tarefa de um dia. Exige políticas, investimento e cooperação — mas também começa por conversas e experiências simples junto das crianças.

Cada pequena mudança — comer mais alimentos da época, reduzir embalagens, reaproveitar sobras — soma-se e contribui para um futuro mais justo e saudável. A FAO lembra que a colaboração entre comunidades, instituições e famílias é essencial para atingir esse objetivo.