Ernesto vivia com a mãe e os outros elefantes da manada.
Todos os dias caminhavam, comiam e bebiam.
À noite, dormiam.
Ernesto era feliz assim, mas começava a perguntar-se se não
haveria outras coisas na vida além de caminhar, comer,
beber e dormir.
Um dia, passaram perto de uma selva.
- O que é aquilo? - perguntou Ernesto à mãe...
Ernesto perde-se na selva e nenhum dos seus habitantes parece
disposto a ajudá-lo a voltar para a sua manada de elefantes.
Nem o mais forte, o mais feroz ou o mais veloz dos animais
faz o mínimo esforço, a não ser ouvi-lo com desdém.
Será porém
o mais pequeno de todos eles a surpreendê-lo, ao dar-lhe
a compreensão e a colaboração de que ele necessita.
Anthony Browne projeta nesta história o caráter intrépido
do protagonista, a sua curiosidade, própria da infância;
mas também o medo, quando descobre que está só e longe
da figura adulta que o protege dos perigos.
A falta de empatia
por parte daqueles que vai interpelando remete para uma sociedade
individualista e insensível aos problemas alheios.
Mas as aparências
enganam, e aquele que parece o mais débil e insignificante,
pode transformar-se no mais valente e generoso, e sem pedir
nada em troca.
Com o detalhe que o caracteriza ao longo de uma vasta
e prestigiada trajetória, o autor apresenta uma obra repleta
de colorido e de grande exotismo cénico, com personagens
retratadas de forma exaustiva e expressiva, em sintonia com
o leque de emoções que se desprendem ao longo da narrativa.