Era de noite e os pirilampos dançavam à volta da Lua.
Às cinco da manhã em ponto nasceu o Sol.
Uma simpática joaninha chegou a voar pela esquerda.
Viu uma folha cheia de pulgões e pensou comê-los
ao pequeno-almoço.
Nisto andava, quando apareceu uma joaninha resmungona
pela direita.
Também ela viu os pulgões e também ela pensou que dariam
um bom pequeno-almoço.
«A joaninha resmungona», datado de 1977, é todo ele uma lição
de boas maneiras, em que a má educação da protagonista
contrasta com a amabilidade da sua congénere. As palavras
«obrigada» e «por favor» não fazem parte do seu vocabulário e,
menos ainda, a ação de partilhar. O seu comportamento
resume-se a desafiar os diferentes animais com os quais
se vai cruzando, sem ligar sequer ao tamanho deles,
para lutar com ela.
De destacar ainda é o recurso gráfico a páginas de diferentes
dimensões que vão ficando maiores à medida que as horas
do dia avançam e a história se vai desenrolando.
Tipografia, ilustração e narrativa seguem de mãos dadas,
formando uma estrutura circular, ao longo da qual o leitor
pode não só explorar os conceitos das horas, dos tamanhos
e das formas; como também viajar por terra, mar e ar
e conhecer os animais que habitam nesses meios.
A natureza e os conceitos úteis e práticos são elementos
constantes da obra de Eric Carle, que, assim, de uma forma
só aparentemente simples, incentiva as crianças a aprenderem
e a movimentarem-se no mundo que as rodeia.